-
(...)
Outro livro que gostaria de comentar é este duplo lançamento de Civone Medeiros intitulado Escrituras Sangradas. Não é exatamente um livro ou dois. Mas duas caixas com papéis avulsos que o leitor vai retirando à vontade, ao sabor das palavras desta poeta potiguar que não tem medo de escandalizar. Um tem o subtítulo de Toscas Fatias de Escrevinhadores e o outro Ave de Arribaçã ou Propósito de Viena e Outros Ondes... É que Civone andou morando na Europa por um tempo. Não vou comentar a poesia de Civone. Poderia dizer que a poesia dela não em nada a qualquer outra feita em terras potiguares. Por isso, passo a palavra ao crítico Bianor Paulino: "Falar sobre a poesia de Civone Medeiros é se colocar diante do poema moderno e, de imediato, indagar o que seria uma composição, pelo menos, tendo em vista a apreensão ou a elaboração da poesia no poema. Inspiração ou transpiração. Eis o dilema da poesia contemporânea. É impossível estabelecer um tipo de composição ou juízo de valor absoluto na poética hodierna, já então problematizada por Rimbaud e Mallarmé, em suas diferenças estéticas. Não há uma determinante composicional hoje no fazer poético. O ato poético é um ato íntimo e solitário, sem testemunha. Cada poeta tem sua verve. Seu timbre, sua opção e rumo, seja de que maneira for. Poesia do risco . Poesia do som. Poesia do grito".
Eis aí a lúcida análise de um crítico literário, coisa que estou longe de ser. De minha parte, digo apenas que Civone Medeiros, como a maioria esmagadora das poetas potiguares, usa e abusa do confessional. É quase uma obrigação escrever assim por estas plagas. Portanto vejamos: "Não quero o aclamar nem os podres tomates de outrens/ Senão, o alívio urgente e são/ De um parto... Isto independe aceitação/ Sina de índole difusa, diversa, infantil, perversa./ ambição poética de ser-se poeta".
Acho que o fazer poético é sempre doloroso e algo aparentemente inútil. Quem se presta a este ofício sabe do que estou falando. Ainda mais quando o poeta é de Natal e tem quase certeza de quem dificilmente vai ser lido por mais do que um punhado de gente e raramente fora de nossas fronteiras. Mesmo assim, continuamos fazendo e fazendo e fazendo. Por isso acho legal ler versos como este: "Te ofereço meu café amargo/ Pra você distinguir o agridoce de meus beijos cálidos/ Te ofereço minha ebriedade/Pra você gozar de minha lúdica lucidez/ Te ofereço meu orgasmo silente/ pra você ouvir os gemidos e gritos estridentes de minh'alma/ Te ofereço minhas lágrimas de gozo/ Pra nosso sexo ser humano, animal, romanesco e prazeroso". O resto você vai ter que ler nas caixas-livro de Civone Medeiros. Nas boas livrarias da cidade, nos sebos ou com a própria autora. O endereço eletrônico de Civone é civonemedeiros@gmail.com.
El@s...
Escrituras Sangradas | vIRADAnumTRAQue | PERFORMARE | FaceBook | Orkut | YouTube | Vimeo TV | e-Shop MODE'RN | @civonemedeiros | Picasa | Flickr
ECO~PRESS » Toque - Livros e Cultura por Carlos de Souza na TN/Viver!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário